segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Mais do mesmo.




Eu briguei algumas vezes na vida, antes dos 30, brigas de irmãs, nada demais...
Agora eu não brigo mais. Eu vejo o silencio que deixo no ar como resposta, não quero discutir, não quero mais explicar meu ponto de vista, não quero mais ser um peso no meio da mesa do bar ou na reunião familiar...

Agora eu brigo mais ainda. Eu vejo as palavras saírem da minha boca como respostas antigas, eu quero explicar meu ponto de vista, quero ser a tormenta na mesa do bar, quero que se encolham diante da minha língua bendita na reunião familiar...

Hoje, inadiavelmente suspiro dentro da sala alugada com a cachorra nos pés, desejo sair, correr o risco longe daqui, sinto minhas pernas tristes e meus passos criando raízes onde não há terra adubada.

Eu sofro a exatidão da vida.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Sobre envelhecer.





Tenho tentado passar pela fase dos 32 em que todo corpo é lindo, todo dente é mais branco, toda pele é mais macia, todo cabelo é mais sedoso, menos em mim.

Estranhar as rugas, os furinhos na bunda, os fios brancos, as manchas da pele, a flacidez, estranhar acima de tudo o modo sobre como as pessoas me olham quando ainda me visto como sempre me vesti...
Aprendendo a lidar...

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Encontro.







Eu amei por ai
braços que abraçavam
mãos que seguravam
dentes que dilaceravam palavras

Quis me debruçar nos olhos perdidos
desfrutar pernas de tempestades
colorir peitos apertados

E todas se foram antes
o sol chegava e partiam
se camuflavam nas sombras
desenterravam suas almas

Era o certo a se fazer
dar espaço pro corpo crescer
tornar-se outra mais uma vez
que medo!

Uma mulher
que mudou o tom
o som
o ritmo da dança

Se aproximou quando a lua era cheia
quando a rua era estreita
quando os livros cheiravam a fim de ano

Que festa em mim!
Louca por beijos 
guardados debaixo das desculpas
esfarrapadas, desconexas

Vibravam-se os ponteiros
deliravam-se as outras mulheres
que desejo de romper, que luta!

Adorei a lua 
os braços que rompiam
as mãos que soltavam
os dentes que brilhavam

Era madrugada
acendiam em nós
bilhões de luzes
e as estrelas formaram laços
foi assim.





(Foto arquivo pessoal)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Caverna



Saia da caverna
Lá fora as sombras serão do teu corpo se jogando na vida.

Saia da caverna.

Essas sombras não dizem a verdade de nada.



(imagem arquivo pessoal)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Bom dia


Junto com uns cílios
um vício,
fumaça sobe quente.
Aperto a mão
não dói,
de manhã não é algodão-
tua pele,
despudoradamente despida
livre de tecidos...
Edredom, travesseiro, bafo
funcionam como Bom dia,
e junto com teus dedos
um presente dúbio,
mar hesitante
tráfego de caos,
permita usar a borracha,
apagar parte do mundo
transfigurar.

Junto com os cabelos
uns sorrisos ancestrais
que disparam questões
e palavras que vieram
de tempos remotos
como um vulcão.

 Dorme amor.
Acorda amor.

(foto cel.)

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sem som


Oque eu sei sobre cinema? Sei nada...
Me passa por favor a garrafa
deixa eu trazer pra dentro esse gole
cortar o corpo
num improviso de noite,
é uma vida cheia de adeus, cheia de trabalho
na parte da manhã,
cheia de ar...
Quando o som alto não me deixa te ouvir eu nem ligo.
Por que me importaria com tua voz
quando meus dentes te mastigam enquanto todos te dão atenção demais
muitas mãos, muito cuidado...?

Bobagens que eu não gravo.


(foto Paranapiacaba com Zenit)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Desejo


Não posso te desejar de outra forma senão assim, escorregando em mim, nenhum volante redirecionando o tempo todo. é desconfortável minha companhia, meu silencio, meu desapego, não posso te desejar de outra forma senão assim, peito, pernas, cabelos, cílios, não posso te desejar de outro jeito, só assim, louca e afoitamente.